Fonte
: Blog Editora EME 

MÔNICA AGUIEIRAS CORTAT, autora mediúnica de seis romances espíritas, psicografa de três a quatro dias na semana, cerca de três horas ininterruptas por dia.

É autora de sucessos como Cora do meu coração, Quando vier o perdão, Passos de um gigante, A última dança e Espelho d’água, todos publicados pela Editora EME.

Agora, com Nas trilhas do umbral, Mônica inaugura uma trilogia que o leitor poderá ler em qualquer ordem, pois são histórias distintas, e também pode ler os três, em sua ordem.

Para saber mais sobre este novo romance, ela nos concedeu a entrevista a seguir. Confira:

Qual a principal motivação para escrever Nas trilhas do umbral?
Eu adoro os romances que me mandam. Aprendo com eles, fico feliz… na realidade, toda vez que eu termino um livro eu fico pensando: o que será que vão me mandar agora? Nunca faço a menor ideia, e às vezes fico meses, até que começam a aparecer as comunicações e as imagens. Mas nunca a imagem do romance inteiro, só o início da história.

E dessa vez, estando eu muito tranquila depois de Espelho D’Água, Ariel me chega e diz: “Vamos para o Umbral resgatar um suicida”. Eu de início achei que íamos rapidamente e voltávamos, mas ele me disse: “não senhora, esse livro é muito grande, e vai se passar no Umbral.” Não fiquei muito feliz… quem gosta do Umbral? Mas ele riu-se e me disse que tivesse fé, e Olivia, outra guia da viagem, me disse :“onde estivermos haverá luz!”. Perdi o receio, e comecei.

O que o leitor encontrará neste livro? Faça-nos uma resenha do romance
Três bons amigos que partem em busca de um espírito que ainda não conhecem, num território vasto, e vão encontrando os mais diversos tipos de pessoas e suas histórias. Não há como não se surpreender, principalmente porque um dos espíritos, Olívia, vem de uma esfera mais avançada e desvenda até mesmo o passado desses seres de forma reveladora, mostrando a relação entre causa e efeito, e que nem tudo é o que parece.

A introdução de Nas trilhas do umbral começa com uma pergunta: o que é o umbral? Seria apenas o ‘inferno’ espírita?
O engraçado é que alguns acham que estão no purgatório, já que não veem as “chamas eternas” a queimar-lhes eternamente. O umbral é um local onde ficam os espíritos desorientados, não necessariamente os maus. Ao longo do romance você vai “esbarrando” com pessoas que em nossa sociedade são comuns, mas que têm o “germe do egoismo” e muitas vezes da dissimulação dentro de si. Mas existem também os que foram magoados, os culpados, os abandonados… não são muitos que dizem que o “inferno” é aqui? A diferença é que os bons e equilibrados só aparecem no Umbral em missão. Logo, sem esse “equilíbrio”, essa região costuma ser mais “pesada”.

O umbral tem tamanho? Tem clima?
É uma área que circunda a Terra, então, é maior em território do que o nosso Planeta. Acho que por isso temos versões tão diferentes desse local. Não há como dizer que o Umbral é dessa ou daquela forma: ele é gigantesco. São diversos biomas semi-integrados, cujo clima e vegetação dependem também da espiritualidade presente no local. Se o homem influi nisso aqui, na Terra, no campo espiritual a sua influência é ainda maior: não ouviram em “chuvas de flores” nas Colônias durante comemorações? Isso é fruto do amor humano dirigido a Deus na espiritualidade, como os cheiros que chegam até nós em determinadas reuniões espíritas… na espiritualidade o ser humano influi ainda mais diretamente no ambiente embora no Umbral eles não costumem sequer notar isso. Notarão nesses três livros locais às vezes frios, ou úmidos e lamacentos. É muito por conta de quem passa ou permanece por ali.

Como entender o “inferno” tendo como base os princípios espíritas?
O inferno é a infelicidade absoluta, e o nosso amado Mestre Jesus, nos deu o caminho para a felicidade com seus ensinamentos. Teimam em mostrar Jesus em seu pior momento de sofrimento e dor, como se o pagamento pela virtude extrema fosse a crucificação! Mas o mestre foi feliz em vida! Amava as crianças, seus discípulos, sentar-se com gente simples e contar as suas parábolas. Seu primeiro milagre foi fazer um bom vinho para alegrar os convidados de um casamento! Jesus era alegre, companheiro, amava a caridade, ajudar ao próximo, nisso estava o seu Céu. Ao dizer: “ama ao teu próximo como a ti mesmo!” ou “não faças ao outro o que não queres que te façam”, ele estava ensinando a chegar ao céu aqui na Terra e depois dela.

Os que continuam egoístas, cínicos, enganadores, assassinos, tramando maldades, esses já estão no inferno, não os imagine felizes, porque não são. Depois da morte perdem a proteção do dinheiro e a hipocrisia fica escancarada. É a hora das espíritos vingadores aparecerem, e de atraírem para eles pessoas como eles mesmos. Os maus, atraem os maus. Os bons ficam com os bons. Você vai para onde você vibra… eis aí o inferno espírita.

Mas nada lhe impede de mudar, nem de se arrepender, nem de largar o orgulho e pedir perdão. A eternidade é um tempo demasiado longo, não acha? Não podemos nos esquecer que segundo a doutrina espírita estamos todos em desenvolvimento. Como julgar alguém sem sabermos o que fomos? Auxiliar é o correto, e orar pelos que incorrem em erros. Nenhum crime dura pela eternidade, Deus não pune: Ele ensina!

Espíritos de pessoas que cultuavam outras crenças cristãs, ao desencarnarem são “abrigados” em colônias especiais?
Não… o amor une os corações de pessoas boas, de qualquer crença! Não os afastariam por orgulho ou preconceito ou ainda diferença religiosa de um líder religioso ou outro. Se na Terra já há esse tipo de tolerância, com os irmãos maometanos, budistas, luteranos, adventistas, imagine nas colônias! Eles têm ex-ateus também, muito bem-vindos.

Nas trilhas do umbral apresenta histórias de resgates ocorridos naquela região. Como funcionam as equipes socorristas? Como são formadas?
Não se vai ao Umbral sozinho: Ariel costuma ir com Clara, e se sentir que precisa, pede ajuda. O normal é irem equipes maiores, de pelo menos três ou quatro pessoas, mas os dois costumam se sair bem trabalhando juntos. São designados por um superior, no caso deles Serafim, que lhes manda um sumário do espírito em questão e a sua localização. Essas equipes recebem um treinamento, não é fácil trabalhar no Umbral, o campo energético é “carregado”, sofre-se influência dos espíritos locais e há que se manter vigilância constante. Claro que eles podem voltar para a Colônia a qualquer momento, mas ainda assim, há riscos. São formadas por voluntários que são capacitados para o serviço, e convencidos a não realizá-lo caso sejam considerados ainda frágeis para a tarefa. Nem todos que habitam na Colônia podem trabalhar no Umbral.

Qual o principal problema em se resgatar alguém que não se arrependeu e nem pediu para ser resgatado?
O primeiro problema é o de localizar o espírito. Um espirito arrependido, pedindo para ser resgatado ele “vibra” de uma forma completamente diferente dos outros espíritos do Umbral, praticamente “brilha”, emite uma luz de fé, esperança… um que ainda está perdido em culpas, medo, raiva, mágoa, enfim, sentimentos rasteiros, se iguala aos outros. Fica difícil de se localizar na multidão.

Os outros problemas são: ser um espírito ainda em pequeno grau de adiantamento, o que poderia perturbar os outros espíritos da Colônia, ou ele mesmo não se adequar lá. Não é raro que espíritos ainda que de índole boa, estarem tão angustiados ou presos em vícios que saem da Colônia, e se dirigem à Terra ou ao Umbral, se sentindo mais à vontade entre os seus. É bom dizer que um espírito com uma índole malévola, não seria nem sequer considerado para resgate. Se Serafim permitiu, com o conhecimento que possui,é porque havia características positivas no rapaz.

O que o espírito Ariel deseja transmitir com esta obra?
Que nada está longe dos olhos de Deus. Que mesmo no Umbral ele atua permanentemente, respeitando o livre arbítrio de seus filhos e os acolhendo no momento em que eles se permitem ser acolhidos. Deus não abandona, nós é que viramos as costas para Ele.

Durante a psicografia você teve contato com os personagens e com o ambiente da história?
O tempo todo. Vejo as imagens, ouço os diálogos. Vejo as expressões, tento descrever, me divirto muito, e às vezes choro. Às vezes estou no meio da rua e a cena vem feito um furacão. Por isso doo todos os direitos dos livros: não são meus! Já agradeço muito a chance de ouvir e ver as histórias primeiro… é uma dádiva!

O romance também aborda a questão do suicídio. Existe uma regra geral para quem se suicida, ou os motivos que levam alguém a cometê-lo podem amenizar essa pena, se assim podemos chamar?
Não existe regra geral, e nem seria justo se tivesse. Claro que a forma como foi cometido o suicídio conta! Não se trata um doente da mesma forma que um são! O que o primeiro livro questiona, de forma sutil, é o julgamento que eles sofrem pelas pessoas, até mesmo no Umbral. O desencarne já é duro, pois o corpo geralmente possui uma energia vital no momento da morte, que a não ser que o corpo físico já venha definhando de uma outra doença, o desenlace é complicado. Logo em seguida, costuma acontecer o grande susto: eles achavam que tudo ia acabar, e não acaba! A dor que sentiam continua, e de forma acentuada!

Mas depois disso muitas vezes ainda vem a culpa! Se eram materialistas, sem nenhuma fé, costumam recusar sem perceber, auxilio! Então, orem por eles. Tantas pessoas maravilhosas num momento de desespero cometem esse ato impensado por solidão ou depressão! Acaso tem mais culpa que esses criminosos que infestam as nossas prisões? Suas orações chegarão para eles como bálsamos, não lhes lamentem a perda, mas infundam-lhes a esperança de que a vida continua, e que o amparo lhes espera! É verdade! Agora eles sabem que nada termina!

Quanto tempo em média um espírito de um suicida fica vagando pelo umbral?
Não há como precisar… décadas? Anos? Centenas de anos? Quanto tempo fica um assassino? E um estuprador de crianças? E uma moça que se prostituiu? Tudo depende de como eram essas pessoas. O suicida pode ter sido uma pessoa cheia de fé que se suicidou num momento de desespero, e que se recuperou logo. A moça que se prostituiu pode ter levado famílias à ruína e causado vários suicídios, e ter ficado presa por duas centenas de anos e reencarnado de lá mesmo. O assassino pode ter matado em legítima defesa… tudo é relativo. O suicida não é mais culpado ou mais inocente que os outros. Apenas incorreu num crime grave contra si mesmo, existem crimes piores. Não julguemos o nosso semelhante!

Pode-se fazer algo em auxílio aos suicidas ou a eles não se pode ajudar? Há alguma esperança para estes espíritos e seus familiares?
Claro! Que suas orações sejam cheias de fé e esperança! Pensem antes de tudo nos momentos bons que eles deixaram, a vida não se resume a apenas um ato. Orem por eles, sempre, mas não com mágoa ou acreditando que eles estarão para sempre condenados ou marcados! Deus é tão maior que isso… por que acreditar que a mácula da culpa é maior que o amor do Criador? Orem por eles dando-lhes a esperança que não foi possível dar-lhes na vida terrena! A morte é uma ilusão, eles continuam vivos!

Pois Ele aguarda os seus filhos suicidas também, dando-lhe a chance de novas vidas. Espera pacientemente que o cinza da tristeza seja substituído pela luz da fé e da alegria que encontramos quando abrimos os nossos corações para amenizar a dor alheia. Dizem que eles virão a novas vidas com marcas nos corpos de suas faltas anteriores, mas qual de nós está livre disso? O homem muito inteligente que usa sua rapidez de raciocínio para o mal alheio não pode reencarnar retardado? O extremamente rico não pode aprender valores reais na prova da pobreza? Nenhum de nós é perfeito, e Deus olha por todos nós.

Que mensagem deixaria para quem nos lê agora?
Que percam o medo do Umbral. Deus reina por lá também, e esses livros têm me mostrado isso… há quem ache a nossa Terra o mais belo dos planetas, e outros acreditam que o inferno começa aqui! Tudo depende de como você se comporta, da forma como vê a vida, de seu desprendimento, e principalmente de uma verdade: gente que faz o bem, simplesmente pelo bem, sem esperar nada em troca, é mais feliz. Pobre do egoísta, do avaro, do mesquinho! Esses já levam o Umbral dentro de si.